segunda-feira, 19 de julho de 2010

A1C como diagnóstico do DM: Standards of Medical Care in Diabetes 2010

Atualização do diagnóstico e da monitorização

As formas de solicitar vários exames e de interpretar os seus resultados têm sofrido mudanças constantes ao longo dos anos.

Com relação ao diabetes mellitus, ocorreram recentemente modificações marcantes.

A classificação e as normas para diagnóstico desenvolvidas pelo National Diabetes Data Group e publicados em 1979, sofreram revisão a partir de 1995, por parte do Expert Committee on the Diagnosis and Classification of Diabetes Mellitus com o patrocínio da American Diabetes Association.

Baseado na análise da literatura científica dos últimos 18 anos, com o objetivo de melhorar a classificação e o diagnóstico do diabetes mellitus, foi elaborado o último relatório do Expert Committee, que está dividido em quatro seções: definição e descrição do diabetes, classificação da doença, critério diagnóstico e exames para o diagnóstico do diabetes. A nova classificação é embasada na etiologia e/ou patogênese, e tem como meta reduzir a morbidade e a mortalidade associadas à doença.

AS NOVAS ABORDAGENS

Em janeiro de 2004, a Diabetes Care publicou a nova posição da American Diabetes Association, revisada e aprovada pelo Professional Practice Committee e Executive Committee of the Board of Directors, cujo novo posicionamento foi embasado em graus de evidências científicas.

Uma das alterações de grande impacto, é a revisão do valor de referência da Glicemia de jejum, reduzido de 110 mg/dL para 99 mg/dL, estabelecendo o estágio denominado pré-diabetes (intolerância à glicose), que passa, portanto, a incluir milhões de indivíduos nesse patamar de glicemia alterada.

Os anteriores critérios diagnósticos para o Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTOG) permanecem inalterados.

A Glicemia pós-prandial não é sugerida como teste diagnóstico, mas como Teste de Controle (monitorização), podendo ser realizado 1 ou 2 horas depois de qualquer refeição.

O screening de diabetes e pré-diabetes é recomendado para os pacientes com fatores associados, como obesidade, idade acima de 45 anos, história familiar de diabetes e diabetes gestacional prévia.

DIABETES GESTACIONAL

Em relação ao diabetes gestacional (DG), o Teste de Rastreamento de Diabetes Gestacional continua sendo feito com 50 g de glicose oral e determinação da glicemia 1 hora após a sobrecarga. O valor referencial com o cutoff em 140 mg/dL identifica 80% dos casos de DG, e em130 mg/dL identifica 90% dos casos.

O TTOG para o DG pode ser realizado com 100 g de glicose e determinações de glicemias de jejum, 1 hora, 2 horas e 3 horas, e com valores referenciais, respectivamente, de 95, 180, 155 e 140 mg/dL; ou com sobrecarga de 75 g de glicose, determinações de glicemias de jejum, após 1 e 2 horas, e valores referenciais, respectivamente, de 95, 180 e 155 mg/dL.

MONITORIZAÇÃO DA GLICEMIA

A monitorização da glicemia pode ser feita com a dosagem da glicemia laboratorial ou a domiciliar com glicosímetro, a hemoglobina glicada (HbA1c), a frutosamina e a monitorização contínua da glicose subcutânea (Holter da glicemia).

Quanto a HbA1c, os parâmetros do Diabetes Control and Complications Trial e do United Kingdom Prospective Diabetes Study, estabelecem como principal alvo a manutenção do seu nível em valores abaixo de 7%, só sendo válida esta meta quando a determinação é realizada pelo método da cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC).

A Monitorização Contínua da Glicemia (MCG) é realizada pela medida direta da glicose presente no líquido intersticial através de um sensor subcutâneo. O procedimento, relativamente simples, utiliza um aparelho de dimensão análoga a de um celular preso na cintura, e a colocação do sensor no subcutâneo. Durante as 72 horas de monitorização, em que a medição da glicose é feita a cada 10 segundos, o paciente pode realizar suas atividades de rotina. Ao final deste prazo o aparelho é conectado a um computador, que expressará em forma gráfica todas as flutuações da glicemia ocorridas no período.

BENEFÍCIOS DA NOVA VERSÃO

Com o novo conceito de pré-diabetes e com os recursos de monitorização, aumentou a sensibilidade para o diagnóstico dos indivíduos com risco de desenvolver diabetes e intolerância à glicose. Torna-se, assim, possível a intervenção no sentido de retardar a instalação ou a evolução da doença, e melhorar o prognóstico das conseqüências tardias: retinopatia, nefropatia, IAM, AVC, doença vascular e amputações.

Publicado como suplemento do periódico Diabetes Care de janeiro de 2010, o protocolo Standards of Medical Care in Diabetes diz que o exame da hemoglobina glicada (A1C) passa a ser recomendado como meio diagnóstico do diabetes mellitus e identificação de casos de pré-diabetes. Este exame é recomendado há anos para verificar como está o controle dos níveis glicêmicos de pacientes diabéticos ao longo do tempo, mas até então não era considerado um critério diagnóstico da doença.

Ao contrário de muitas doenças crônicas, o diabetes tipo 2 pode ser prevenido com  mudanças no estilo de vida, enquanto os níveis glicêmicos encontram-se no estado de pré-diabetes.

A A1C é medida em porcentagem. O exame faz a média dos níveis glicêmicos ao longo de um período de cerca de 3 meses. Uma pessoa sem diabetes pode ter uma A1C de cerca de 5%.

Pelas novas recomendações, as quais são publicadas anualmente para refletir as mais novas pesquisas científicas, valores de A1C entre 5,7 e 6,4 % indicam que os níveis glicêmicos estão no estado de pré-diabetes. Isto significa que estão acima do normal, mas ainda não tão altos para fazer o diagnóstico de diabetes mellitus. Este diagnóstico é feito com níveis de A1C iguais ou superiores a 6,5%.

A American Diabetes Association recomenda que a maioria das pessoas com diabetes deve manter os níveis de A1C igual ou abaixo de 7% para um controle adequado desta patologia. As pesquisas mostram que o controle da glicemia ajuda a prevenir sérios danos à saúde relacionados ao diabetes, como doenças renais, danos aos nervos, doenças da retina (retinopatia diabética) e doenças cardíacas.

A A1C vai se juntar a dois outros testes diagnósticos prévios, a glicemia de jejum e o teste oral de tolerância à glicose (TOTG). Ambos exigem horas de jejum para coleta do sangue a ser examinado. Já a A1C não necessita de jejum prévio, aumentando a disposição para a realização do exame e reduzindo o número de pessoas que têm diabetes tipo 2 e não estão recebendo o diagnóstico. O diagnóstico precoce pode fazer uma enorme diferença na evolução do diabetes mellitus e na qualidade de vida dos portadores desta condição.

Em janeiro de 2010, como de costume, a ADA revisou e publicou as recomendações para o DM, incluíndo a A1c (Hemoglobina Glicada) como teste para diagnóstico da patologia.

Confira o periódico da ADA (Standards of Medical Care in Diabetes) na íntegra fazendo o download abaixo:

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